As indicações ao Grammy saíram, e eu quero comentar só as categorias que me interessam. Posso? Permitiriam que um gay branco falasse sobre divas pop uma única vez na vida? Claro que não. O que teria a dizer um gay-branco-obcecado-por-divas-pop que é digno de ser ouvido? Ninguém merece isso.
E é exatamente por isso que vou falar do tema, porque não me encaixo nesse estereótipo. Sim, eu sou um gay branco, mas diva pop? Não poderia me importar menos com charts ou com a relevância de Taylor Swift no mundo da música. É tão melhor viver assim.
E aproveitando o gancho – porque eu não perco a oportunidade de criticar a loirinha – o que são essas músicas que ela colocou para concorrer? Tanta música boa no Departamento dos Poetas Torturados (ok, duas, pra ser justo), mas ela escolheu logo aquela com o Post Malone? O Post Malone? Para música do ano? Sinceramente, se essa mulher é a indústria, pode fechar as portas.
Então, nesse clima swiftfóbico, vou analisar as categorias mais interessantes do Grammy e dar a minha indicação e sugestão de vitória. Como minha mãe disse uma vez, criticando o a premiação: “A Academia não sabe de porra nenhuma, tinha que deixar o povo decidir”. Mas, se fosse assim, a loira realizaria seu maior sonho: o monopólio dos troféus. E aí, meus amigos, seria o fim da música.
Álbum do ano
Entre as indicações mais importantes, gostemos ou não, temos:
- Cowboy Carter (51) – Beyoncé
- Short n’ Sweet (07) – Sabrina Carpenter
- Brat (14) – Charlie XCX
- Hit Me Hard and Soft (2) – Billie Eilish
- The Rise and Fall of a Midwest Princess (11) – Chappell Roan
- The Tortured Poets Department (4) – Taylor Swift
Os outros dois da lista, who? Vamos falar de quem importa.
Temos uma negra, uma loira, uma morena, uma sapatão, outra sapatão e outra loira. Isso que eu chamo de diversidade! Não ouvi Poetas Torturados, porque aí o poeta seria eu, e também não escutei nenhum outro álbum dessa lista, fora o da Billie. Eu não preciso ouvir tudo isso de música porque, mais uma vez, não me importo. (Mas, se a Billie não levar essa, eu vou ficar puto).
E eu nem preciso ouvir todos porque já sei quem vai ganhar. Todo mundo sabe qual é o álbum do ano, e, se eu pudesse, daria seis mini gramofones de ouro para ela. Pode entrar, Liniker!
“Ah, Gustô, lá vai você ser woke de novo! Fim da cultura woke!” Ei, pera lá, também não é bem assim. A primeira música da Liniker que eu ouvi foi CAJU, do álbum CAJU, ganhador do Grammy 2025 de Álbum do Ano (indicação minha, ver foto acima). Antes disso, eu nunca tinha escutado a voz dela.
E que voz, né? Ainda bem que eu não tinha escutado, eu nem sei se merecia, eu não era digno de tamanho imensidão nessas cordas vocais da lenda. CAJU me tocou num lugar tão profundo, tão íntimo que eu pensei que não existia: Meu coração.
Liniker me fez lembrar que eu sou solteiro, carente e que ninguém vai me amar ao ponto de escrever pra mim. Amaram? Eu certamente não, por isso ela venceu.
“Você já decorou quantas tatuagens tenho?
Se eu ligo pra cartoon ou rabisco os meus desenhos
Quantos shows tem na minha agenda, meu disco favorito
O peso do meu coração”
O dia que alguém decorar o peso do meu coração, eu estarei numa mesa cirúrgica removendo os quilos de rancor que eu guardo aqui dentro.
Esses números entre parênteses ao lado do nome do álbum são o número de compositores que fizeram parte da obra, e isso, pra mim, explica por que a Billie vai levar esse prêmio, roubando a estátua da mão da Liniker.
“Gustô, você tá dizendo que um álbum tem mais valor quando apenas UM artista o escreve, colocando toda a sua alma e integridade na obra e não utilizando do talento e ideias de outras pessoas?” É exatamente isso que eu to dizendo, fico feliz que você tenha entendido.
Música do ano e Artista Revelação
Vamos para música do ano. Listando, novamente, apenas quem importa.
- Birds of a Feather – Billie Eilish
- Die With a Smile – Lady Gaga e Bruno Mars
- Fortnight – Taylor Swift e Post Malone
- Good Luck, Babe! – Chappell Roan
- Please Please Please – Sabrina Carpenter
- Texas Hold’em – Beyoncé
Meu Deus, olha o cenário em que a gente se encontra. Tá difícil. Eu não vou dar o prêmio pra Billie (lembrando que EU sou a Academia e EU decido quem ganha), porque eu não aguento mais essa música. E, se essa garota subir no palco com o meu gramofone dourado e falar “Ai, eu não mereço”, eu subo atrás dela e faço ela engolir a estatueta na frente de todo mundo junto com a calcinha da Charli.
E eu também não vou comentar Fortnight, da Taylor Swift com o Malone.
Então, removendo essas duas, ficaram três músicas insuportáveis e a Lady Gaga com o Bruno Mars, que vão levar essa categoria, se depender de mim. E, lembrando, depende sim.
Please3 é legal, tenho que assumir. A parte do “coração partido é uma coisa, meu ego é outros quinhentos” é tão EU, mas eu não acho que é a melhor música do ano. Definitivamente, é uma das músicas já compostas, mas a MELHOR? Não.
Texas Hold’em não deve levar, porque música country não merece vencer nada. O country tem que acabar, já deu. Queremos pop e sintetizadores, Bey, achei que tu tinha entendido isso em Renaissance. Eu me recuso a dar esse prêmio pra uma mulher de chapéu de cowboy que não tem glitter e um cavalo que não é de vidro.
E aí vêm os dois gigantes: Good Luck, Babe e Die With a Smile. Lésbicas vs. Viados + Mulheres Héteros, realmente uma grande batalha. E Die With a Smile vai ganhar, é claro. A Academia está PUTA com a Chappell Roan só porque ela tem tudo o que um artista tem que ter: talento, beleza e peito.
E é por isso que odeiam ela. Uma artista que manda fotógrafo calar a boca, dá um “chega pra lá” em fã chato e escreve sobre beijar mulheres? Não é isso que a Academia quer, por favor, Chappell, se retire.
Mas vai ganhar Artista Revelação pelo mesmo motivo! Amo, dois pesos e duas medidas. Viva a Indústria!
Essa ruiva não deita pra ninguém, nem pra fotógrafo e nem pra gay chato no Twitter que não gosta dela porque ela não faz música sobre beijar homens e cheirar poppers. E vamos combinar, Sabrina Carpenter não é artista revelação. A mulher tá aí desde os anos 20 fazendo música, sinceramente.
E eu gosto da Chappell porque minha irmã recém saída do armário gosta dela e eu quero ela dando pulinhos de alegria na sala quando a artista fav dela ganhar. Lésbicas no topo!
Gravação do ano
Essa eu tive que pesquisar para entender a diferença dele para Música do Ano, e eu PROMETO que vai ser a última vez que eu vou falar da Billie Eilish. Ela vai ganhar essa, com Birds of a Feather, eu sei que vai, mas eu espero que não, senão ela coloca a barra muito lá em cima. E pra ela é muito FÁCIL ganhar Gravação do Ano. A Billie tem voz pra cantar em qualquer timbre, mas sempre escolhe o mais difícil porque sabe que tem gogó pra sustentar.
Os outros indicados (perdedores) são:
- TEXAS HOLD ‘EM – Beyoncé
- Espresso – Sabrina Carpenter
- 360 – Charli XCX
- Good Luck, Babe! – Chappell Roan
- Fortnight – Taylor Swift and Post Malone
Mas se EU fosse indicar alguém e dar o prêmio, o que eu vou, porque EU sou a Academia, com certeza a Gravação do Ano iria para a maior mulher do mundo: Pabllo Vittar!
Okay, tecnicamente o prêmio seria para a Sevdaliza, mas a Pabllo ia ganhar ali por tabela. Já é uma vitória. E por que eu acho que Rosa Que Linda Eres (Alibi) leva o prêmio? Calma que eu vou explicar, sem pressa!
PRIMEIRO! Essa música RODOU o mundo inteiro, ficou famosa em tudo quanto é canto. É uma música mega internacional e, se não foi indicada, é porque alguém esqueceu de mandar a carta pra Academia. Ainda bem que EU estou aqui para fazer esse serviço à humanidade. De nada!
SEGUNDO! A Karol G fez seu show no Palco Mundo no Rock In Rio 2024 e levou não só a Pabllo, mas a Yseult e a Sevdaliza pra cantar UMA música (a ganhadora de melhor gravação, no caso). Ela trouxe TRÊS ARTISTAS pra cantar no Rock In Rio no show dela! Vocês sabem o quão caro isso deve ser? E aí você vai ter a PACHORRA de entrar na minha casa, me dar um soco e me dizer que Alibi não é a Gravação do Ano? Se manca!
Melhor álbum pop latino
Geralmente, essa é uma categoria que ninguém liga, até porque temos um Grammy só para os latinos, quem não ama uma segregação? Mas esse ano ele é relevante, por quê? Porque o Brasil está nele, e é assim que a gente mede a relevância de algo. Se chama valor-notícia.
E eu não vou ser hipócrita, entreguem o prêmio na mão da Anitta JÁ!
Não me leve a mal, eu gosto da Shakira, fui OBCECADO por ela na minha adolescência, mas a Anitta TEM que trazer esse prêmio pro Brasil. A Shakira arrasa, mas agora é nossa vez. E um álbum com o verso “Fode pra caralho, seu filha da puta, fode fode fode fode fode fode fode” ganhar o Grammy de Melhor Álbum Pop Latino é a coisa mais brasileira que pode acontecer esse ano.
E ela ganhar esse prêmio antes que o Latino vai deixar os anitters insuportáveis no Twitter. E é isso que eu quero: caos.
Eu gostei de Funk Generation e tá na hora do Funk (ou alguma variação mais agradável para o ouvido estadunidense) virar uma categoria fechada no Grammy. Obviamente que nunca vai virar, o funk ainda é muito brasileiro, é muito nosso. Abra uma categoria de Funk e veja a Anitta levar todos os prêmios. Íamos ser o #1 no ranking de 1.
Não há perda quando não há competição.
Pra Kali Uchis fica um abraço e um beijo.
Eu ainda ia falar das categorias “Melhor performance pop solo”, Melhor álbum pop vocal”, “Melhor performance pop em duo ou grupo” e “Melhor Clipe”, mas eu estou com preguiça de escrever. Na dúvida, deem o prêmio pra Billie.
Vídeo do Ano! (o gif é mto melhor)
Aproveita que você está com o site aberto e leia a análise sobre ‘A Substância’ também, não vai te custar nada.
Sugestão de Música!
Aproveitando o tema, ouça essa música aqui muito boa, ganhou SOTY no meu coração.
