Os meus planos para o Ano Novo foram completamente destruídos, mas calma, nem tudo está perdido porque eu tenho amigas incríveis (um, eu tenho uma amiga). No fim, ainda vou conseguir comemorar a virada quase como planejado, o que me anima muito, eu que sou uma pessoa que ama fazer planos.
A lista de objetivos do Ano Novo ainda tem chances de sucesso. Comer doze uvas debaixo da mesa e ganhar na Mega da Virada! Eu tenho uma caixinha de uvas pronta para brilhar e o resto é com a Receita Federal. Aliás, já perdi uns dias imaginando o que faria com 600 milhões na conta, considerando o cenário hipotético positivista que eu sou premiado exclusivamente. Eu, o único que escolheu os seis números mais importantes do início de 2025. É bem difícil, mas considerando que os servidores do PT (Partido dos Trabalhadores) já ganharam a bolada duas vezes. Tudo é possível.
E no Brasil, tudo é possível mesmo. Esse foi um ano de grandes e invariáveis possibilidades que eu comecei a ponderar estar em um episódio contínuo e sem fim de ‘What If…?’. Uma mulher leva o tio recém-morto para sacar um empréstimo; uma ex-sinhazinha do Boi Garantido morre e revela um esquema de uso de drogas, seita religiosa e loucura familiar; Billie Eilish lança o melhor álbum do ano; Silvio Santos morre e ninguém faz nada a respeito; Andressa Urach ainda não transou com o próprio filho – graças a Deus, mas o ano ainda não acabou.
E um destaque deste final de ano é a Beiçola do Privacy lançar uma campanha de caridade chamada ‘Puta Esperança’. Se isso não é entregar roteiro, eu não sei o que é, principalmente num ano onde onlyfans esteve em alta. Eu mesmo pensei em criar uma plataforma e viver do conteúdo adulto, mas me falta o corpo, a libido e a capacidade de lidar com as consequências das minhas ações. Por enquanto, sigo escrevendo.

Mal posso esperar pra todos os atores +18 que eu “acompanho” comecem a doar comida e mantimentos (eu falo como se tivesse num filme apocalíptico) para as pessoas mais carentes para mostrarem que viado não é bagunça.
Publicações assim, tipo a da Beiçola – eu não sei o nome dela – sempre causam desconforto. Especialmente nos virjões redpill do X (antigo Twitter para quem ainda vive em 2023). Dizem que caridade divulgada perde o mérito, mas isso é balela.
Claro, todo mundo menciona a frase bíblica “daí com a direita para a esquerda não ver”, mas atualmente usar tais termos não é mais de bom tom, porque se as esquerda parar de ver o que a direita tá fazendo, a gente vai se fuder e perder mais direitos que já perdemos nos últimos 6 anos.

Mostrar a bondade sendo feita, uma caridade despretensiosa aqui é outra ali, não faz mal. Eu não acho que tenha o mesmo efeito que acidente de avião e suicidio, que é que faz acontecer mais se notificado, mas também acho que não tira o poder da boa ação. No ruim, no ruim; pelo menos mostrou que ainda há gente boa no mundo e que puta não é sempre uma pessoa vazia.
E o mundo tá precisando disso, gente boa, gente puta e puta boa. Eu me encaixo em pelo menos uma dessas.
REVIEW VIRADAS DE ANOS
Esse ano vai ser o primeiro que eu não vou passar com meus amigos. O primeiro, considerando desde 2020, quando eu já era um ser humano pensante (com umas dúvidas) e tinha o privilégio concedido pelos meus pais de decidir onde e com quem passar a virada do ano. Desde então, venho me reunindo com um mesmo grupo de amigos, salvo as naturais adições e baixas, para comemorar a contagem regressiva, champanhe barato e promessas que nunca cumpriremos.
2020 foi uma estreia digna de filme indie: uma casa de amiga, clima acolhedor, e um beijo no meu namorado à meia-noite. Mágico. Na minha cabeça, aquele beijo era o pontapé inicial de um ano cheio de conquistas – faculdade tranquila (coitado, alguém avisa), relacionamento estável e uma viagem para o Lollapalooza. Na realidade? Troquei de curso aos 45 do segundo tempo, terminei meu namoro e o mundo literalmente acabou. E, como já mencionei antes, eu não fiz absolutamente nada de útil durante os dois anos de pandemia. Só procrastinação e autocrítica.
2021 foi um show de horrores intimista. Nosso primeiro especial de Ano Novo em casa. Teve comida, risadas, e eu, numa crise de identidade fashion, usando uma meia arrastão RIDÍCULA. O ápice da noite? Ser coagido a assistir Hamilton. Detestei. Não sei o que foi pior: o musical ou os olhares julgadores porque eu ousava não gostar do musical. Acontece, nem todo mundo tem bom gosto. Eu certamente tenho,
2022 foi mais legal, tinha mais gente legal, minha sobrinha já era fofa o suficiente para entreter as visitas e eu transei, pra começar o ano bem. Prioridades.
Em 2023 eu não posso falar muito sobre, tinha MUITA GENTE, muita coisa fora do meu controle e a história fica para maiores de dezoito muito rápido. Felizmente, já era maior de idade, então pude protagonizar a história sem peso na consciência – só na ressaca moral do que aconteceu entre quatro paredes que eu não posso contar exceto que eu conto pra todo mundo sempre.

Lembro de acordar no meio da madrugada do dia 1, invadir o celular de um dos rapazes desta foto, ler toda a conversa com uma ex-amiga minha e ir dormir como se eu não tivesse cometendo um crime de invasão a privacidade. Espero que ele já não possa ser prescrito, porque eu to confessando aqui. Para todos os efeitos, é mentira.
2024 foi tão esquecível que eu não vou nem me alongar. O auge do entretenimento foi jogar a versão brasileira de Cartas contra a Humanidade e ganhar a rodada com a jogada “Que vontade de fazer um ménage com Chico Xavier e Jesus”, gritando bem alto sem filtro e noção pra minha mãe ouvir e ficar puta. Momentos.
Espero que o de 2025, que já começou errado, acabe dando certo. Ano que vem eu volto aqui para contar a classificação indicativa desse dia (hoje!).
Hoje! O último dia do ano! E sabe o que eu espero? Que você fracasse em todas as metas que estabeleceu, porque eu com certeza vou fracassar nas minhas – assim como fracassei em escrever esse texto, que está sendo digitado duas horas antes de ser postado. Eu, um homem que ama planos e cronogramas, não me planejei.
Feliz Ano Novo!
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