Grammy 2025: eu nunca estive tão errado

Gustô Alves, excelentíssimo membro da Academy Awards, retorna para comentar o Grammy.

No dia 12 de novembro, eu fiz um apelo à nação: comentar as categorias do Grammy que me apeteciam. E agora, tenho uma responsabilidade imensa com meu público — um verdadeiro dever cívico. O que estou prestes a fazer hoje jamais foi tentado antes por um gay na história da humanidade. Isso é inédito! Comentar o Grammy. Sim, um movimento ousado, um risco calculado para minha já consolidada carreira de especialista em opiniões não solicitadas. Mas juntos, queridos leitores, enfrentaremos esse desafio.

volta temercore volta

Para saber minhas apostas, leia: quem EU indicaria ao Grammy

Featuring, carro, boy, dancinha e Nudez

(tem uma referência aí se você quiser achar)

Não tem como começar por outro assunto senão a esposa do Kanye West aparecendo pelada na premiação. Desde sempre, o Ye nos brinda com um espetáculo de caos, instabilidade e surtos públicos — o verdadeiro patrono da baixaria musical. Mas desta vez, sinto que ele ultrapassou aquela linha tênue entre o entretenimento e a necessidade urgente de uma intervenção psiquiátrica. Já passou da hora de alguém dar um belo MURRO na boca desse imbecil. E, idealmente, esse alguém deveria ser branco, porque depois do Will Smith, já sabemos que se for um negro, ele vai ser mais cancelado que a Jojo Todynho Negona do Bolsonaro.

eu JURO que ela tá mais pelada embaixo.

O mais engraçado é que, segundo a Variety, o homem simplesmente chegou, posou, exibiu a esposa pelada e FOI EMBORA. Sem mais, sem menos. Lançou a xana da mulher no feed global e evaporou. E eu? Bom, eu só consigo sentir pena. Dá pra ver o pedido de socorro nos olhos dessa mulher.

E mesmo que eu não estivesse minimamente preparado para levar uma larissinha na cara no meio da minha noite — eu nunca estou — até que a premiação foi, assim, BEM legal. Tivemos lacre negro, lacre trans, lacre cowboy e lacre Unimed.

E tivemos algo que raramente acontece, um evento secular que os astros tem que se alinhar para ocorrer. Durante o Grammy, eu …

¡⋆✦♂☭♭‼ EU ESTAVA ERRADO ‼♭☭♂✦⋆¡

Se você não se recorda, o que seria normal se eu já não tivesse te lembrado no início do texto, eu fiz minhas apostas no Grammy 2025, o que, olhando agora, foi um erro monumental, considerando que a indústria da música habita uma zona obscura do meu cérebro onde o conhecimento é raso, duvidoso e absolutamente inútil. Eu não sei nem como funciona a votação. Poderia ser no grito, no par ou ímpar, ou decidido por uma cabala secreta de senhoras ricas em Beverly Hills que só ouvem jazz — e pra mim, daria na mesma.

Mas, mesmo assim, juntei toda a minha coragem e uma dose saudável de arrogância, e me arrisquei a prever os vencedores dos mini gramofones. No final, teve gente ganhando que eu nem sabia que existia, o que, sinceramente, é um problema da Academia, não meu. Se tivessem pedido minha opinião, nada disso teria acontecido. Só gente relevante sairia premiada, e o Grammy finalmente teria um pingo de credibilidade.

O que seria uma PENA pra industria americana, porque eu estou CADA VEZ MENOS ouvindo música em inglês. O Grammy ideal pra mim seria assim:

kkk eita como é brasileño

E eu to indo cada vez mais pra trás. Daqui uns meses eu vou estar ouvindo Jorge Vercillo, Maria Bethânia e Chico Buarque. Só canetada.

Música e Gravação do Ano

Eu não podia dar a mínima pro Kendrick Lamar, eu não consigo citar uma música dele de cabeça. E isso é uma pena — não pra mim, mas pro meu senso de relevância musical — porque o homem simplesmente levou os dois prêmios, e eu? Eu nem sequer o mencionei na minha lista de indicados. Eu genuinamente achava que ele era um WHO. Claramente, o erro foi meu… ou da Academia por não me consultar antes.

Lembro que, no meu Grammy particular, premiamos Pabllo Vittar (que nem concorreu) e Billie Eilish. E, sinceramente, estou CHOCADO que a nossa nova bissexual do pedaço não tenha levado as boas, porque Birds of a Feather é DEFINITIVAMENTE uma excelente gravação. O único problema nessa análise — e é um detalhe insignificante, juro — é que eu não ouvi a música do Kendrick. O que significa que eu não tenho o comparativo.

Mas calma, nada que cinco minutinhos no Spotify não resolvam. Se você me der licença, já volto com uma opinião completamente embasada e nada tendenciosa. Eu sou um profissional.



Essa música repetindo o mesmo beat em looping ganhou? É o fim dos tempos mesmo. Se tivessem dado o prêmio pra Taylor Swift, eu teria engolido com menos ódio

[N.E: Eu não prestei atenção na letra e eu pouco me importo também.]

Chappell Roan

E a Artista Revelação que levou o Prêmio Chappell Roan? Hoje, segunda-feira, fui publicamente humilhado no meu ambiente de trabalho porque quis dar palco pra mona, mas disseram que ela não era relevante o suficiente.

Bom, meus queridos, depois dela meter um APAVORO num paparazzi ao vivo, olha só como eles estão comportadinhos agora. A gata tá ali, toda posuda, plena, pronta pra levar o prêmio dela, enquanto vocês aí mordem a língua.

O apavoro foi tão monumental que um fotógrafo, um ser treinado para gritar “AQUI, AQUI!”, pediu uma pose e, em seguida, soltou um “se você quiser 🥺👉👈”. O medo instaurado. A dominação completa. O Grammy nem tinha vindo ainda, e ela já estava vencendo.

E, como eu previ, minha irmã ficou eufórica que a artista lésbica dela levou esse prêmio. Eu, por minha vez, fiquei feliz pelo que Chappell disse no tapete vermelho antes da grande cerimônia. Porque, num país que está prestes a reinventar o Holocausto , ter alguém com voz ativa e sem medo de falar o óbvio é essencial.

A gente já sabe que o Império Estado-Unidense está cavando sua própria cova e, junto com a ascensão da moeda do BRICS, tudo o que eu quero é gente influente usando o microfone pra lembrar que pessoas trans sempre existiram e devem ser protegidas.

Ah, e além disso, a gata ainda tá lutando pelos direitos dos artistas a terem plano de saúde. Se ela conseguir, podem me chamar de artista emergente nos EUA, porque eu vou me cadastrar só pra colocar o queixo que me foi acusado de não ter. [Insegurança desbloqueada]

Cowboy Carter

A Beyoncé levou o Álbum do Ano e Melhor Álbum Country… CHEGA! Melhor Álbum Country beleza, mas ÁLBUM O ANO? Pera aí galera, vamos segurar a onda. Vocês tiveram TANTOS, mas TANTOS álbuns da Beyoncé pra premiar e premiaram COWBOY CARTER? Primeiro prêmio dado por pena. Que momento.

E eu ouvi Cowboy Carter, eu posso dizer com propriedade que esse álbum é definitvamente um dos álbuns country existentes, mas não é o Álbum do Ano. Se ela tivesse levado esse prêmio por conta de Renaissance eu até ia entender…

Eu comentei sobre essa obra da Bey em ‘Música do Ano’ e disse que não ia levar, mas essa opinião ainda se estende à Álbum do ano. As exatas palavras foram:

Texas Hold’em não deve levar, porque música country não merece vencer nada. O country tem que acabar, já deu. Queremos pop e sintetizadores, Bey, achei que tu tinha entendido isso em Renaissance. Eu me recuso a dar esse prêmio pra uma mulher de chapéu de cowboy que não tem glitter e um cavalo que não é de vidro

MAIS UMA CHANCE pra você ver o que eu disse: quem EU indicaria ao Grammy

Eu até pensei em me contradizer nesse parágrafo, dizer que o prêmio foi merecidíssimo, que Cowboy Carter é um álbum impecável, bem produzido, revolucionário, blá blá blá… Mas, infelizmente, minha opinião não é forte o suficiente nem pra discutir comigo mesmo. Na tentativa de ser uma pessoa melhor, fui buscar ajuda para formular um argumento positivo sobre o álbum, mas essa foi a resposta:

Não tem pão velho aqui não, Billie.

Brasilidades

Tivemos dois grandes eventos brasileiros no Grammy deste ano, mas apenas um deles era digno do meu tempo e energia: o fato de Milton Nascimento não ter um lugarzinho VIP na mesa ao lado da digníssima Esperanza Spalding.

Sério. Milton Nascimento. O próprio. A lenda. O homem que já fez mais pela música do que muito artista gringo.

Gustô, a Shakira levou nosso Grammy de Álbum Latino!” Mano, foda-se. Você realmente acha que eu tenho espaço na minha cabeça pra me preocupar com isso quando o verdadeiro escândalo da noite foi esse homem lindo, charmoso, de terninho igual um aposentado, ser barrado de sentar na mesa? Prioridades, meu povo! Estamos falando de Milton Nascimento sendo tratado como um ZÉ NINGUÉM enquanto rolava um desfile de who’s who no salão, peraí! Não vamo pagar de doido.

que lindo ele de casaquinho

E é de um nível de absurdo tão grande que só pode ser explicado por pura ignorância da equipe do Grammy – ignorância e desvalorização, porque incompetência sozinha não dá conta dessa façanha. Segundo eles, só podiam sentar na mesa quem eles queriam no vídeo. E me diz, quem em sã consciência olha pro MILTON NASCIMENTO e pensa: “Nah, não precisa aparecer, não”?

Isso é um tipo de burrice tão refinado que só estado-unidense mesmo pode cometer. A discografia desse homem tem mais importância pra história da música do que a existência de qualquer pessoa ali.

Vamos concordar: quem naquele salão vai ser estudado nas escolas de música daqui a algumas décadas? Quem vai ser lembrado como um pináculo da composição e do impacto cultural? Desculpa, mas não é a Sabrina Carpenter. Talvez a Taylor Swift Mas MILTON NASCIMENTO e ESPERANZA SPALDING? Sem sombra de dúvida.

O resto é coadjuvante.

Somos super interessados em nós mesmos e temos pena do mundo não saber o que a gente sabe.

Fernanda Torres

Eu vou citar essa da Nanda SEMPRE, aguentem.


Sugestão de Música!

Aff eles são mto fofos


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