A vigésima primeira temporada de Grey’s Anatomy acabou de sair no Brasil, trazendo mais drama médico e, claro, drama normal protagonizado por médicos. Se isso fosse antes da pandemia, eu estaria me perguntando o que, exatamente, essa série ainda tem a dizer depois de 21 temporadas. Não existe absolutamente NADA que precise de 21 temporadas para ser dito.
Exceto que… existe. Grey’s Anatomy ainda tem muito a dizer. Enquanto houver um Grey nessa história, tem anatomia. Que piada horrível.
Eu comecei a ver essa série na Pandemia – com P maiúsculo, porque foi um grande evento – e preciso dizer que foi uma das MELHORES escolhas da minha vida. Grey’s Anatomy tem tudo o que eu sempre quis: termos médicos complicados que eu não entendo e romance caótico. Eu simplesmente amo passar raiva com essa série.
Você deve estar se perguntando como ainda não terminei essa série, considerando que a Pandemia começou há cinco anos e eu ainda estou na décima primeira temporada. A resposta? Não faço ideia. Talvez seja porque sou extremamente empregado (ou algo assim), ou talvez porque eu simplesmente não consigo me prender a uma coisa por muito tempo. Mas Grey’s Anatomy segue me acompanhando – com bastante lentidão.
Eu passo um mês assistindo uma ou duas temporadas inteiras, de forma espaçada, porque, veja bem, eu tenho mais o que fazer. Depois, abandono por seis meses… até meu TikTok lembrar que eu gosto dessa série e começar a me entupir de cortes de um minuto.
Antes da maratona atual, a última vez que vi Grey’s Anatomy foi na minha viagem para o Rio de Janeiro, em setembro de 2024. Lembro que estava no avião assistindo justamente ao episódio em que… um avião cai. É o meu jeitinho.
Agora estou na 11ª temporada, ainda de luto porque a Cristina Yang foi embora, e torcendo para chegar logo ao episódio em que o Derek, marido da protagonista, morre. Eu estou com TESÃO nesse episódio. Mal posso esperar.
Eu não gosto do Derek. Nunca gostei do Derek. E não gosto dele pelos mesmos motivos que amo a Cristina. Ele é prepotente, egocêntrico, cheio de si, se acha o Rei da Neuro, o manda-chuva supremo e, claro, um escroto de primeira. A diferença entre ele e a Cristina? Ele é homem e grita com as pessoas quando está bravo.
Isso sem contar todo o enredo de traição, o plot mais BÁSICO e antigo que existe: vai para a Meredith, larga a Meredith, volta para a Addison, larga as duas e namora uma Who, volta para a Addison, trai com a Meredith, chama a Meredith de puta, conserta um cérebro. Eu simplesmente não tenho paciência para esse homem.
A única coisa boa nesse personagem é que ele serviu de grande catalisador para a evolução da Meredith, que hoje tem a maior buceta de Seattle. Claro, no início da série, ela ainda não era tão fodona – embora já fosse hilária e suicida.
Eu amo a Meredith das primeiras temporadas, ou Fetus Meredith, como nós, fãs, gostamos de chamar.
Em entrevista ao Call Her Daddy, Ellen Pompeo deu alguns conselhos para sua própria personagem, mais de 20 anos depois de começar a interpretá-la. E minha favorita é essa:
“O que você diria à Meredith no dia em que ela implorou para o Derek escolhê-la no lugar da esposa?”
A resposta da Ellen? Icônica: “GIRL… BYE!” (MANA, TCHAU).
A Meredith faz MUITAS escolhas questionáveis ao longo da série, mas ela está bem longe de ser a pior personagem ou ter a pior dinâmica de relacionamento. Esses dois tópicos eu sei exatamente quem são, e posso listar na ponta da língua (considerando que estou no começo da Temporada 11).
E o pior personagem… pode entrar! OWEN HUNT.
Ele é um bom cirurgião e um bom mentor, isso é inegável. Mas, no resto, ele é um desastre. Péssimo amigo, péssimo marido, péssimo namorado, péssima pessoa. Talvez ele seja um ótimo soldado, mas, sinceramente, eu não tenho material suficiente para tirar essa conclusão.
Pra mim, é tudo culpa dele. Eu, tal qual a Dra. Teddy Altman, queria que ele tivesse EXPLODIDO no Iraque e morrido. Sério, o personagem do Hunt parece existir só para alimentar o nacionalismo americano e puxar saco do exército. Se eu pudesse, até daria uma olhada na folha de patrocínios do seriado, só para ver se encontro algum cheque das Forças Armadas Americanas. Mas eu que não vou me dar esse trabalho.
O relacionamento dele com a Cristina é uma merda? É. No momento, estou meio desacreditado do amor em Grey’s Anatomy. Depois da morte do Mark Sloan (meu pai) e da amputação da perna da Arizona, eu fiquei com a sensação de que todos os três casais principais passaram as últimas duas temporadas apenas brigando. Só. Brigando e trepando.
A queda do avião desencadeia A PIOR STORYLINE de Grey’s Anatomy, que é a crise matrimonial das #Calzona. Callie e Arizona, depois que a mana-pediatria perde a perna, passam DUAS TEMPORADAS INTEIRAS num arranca-rabo infernal. Não tem paz na vida dessas mulheres, e não tem um dia em que eu não queira entrar na tela ridiculamente grande da minha TV e descer a Arizona Robbins na porrada.
Ela é uma personagem ruim também, talvez tão tóxica quanto o Hunt. Arizona é imatura, desleal e passa a maior parte do tempo sem saber o que está fazendo. A Callie é difícil de lidar? É. Mas, pra mim, o maior erro da Callie é amar demais. Ela pode ser temperamental e tirar conclusões do nada, mas a Arizona? Ela é uma bruxa.
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Arizona culpa a Callie por coisas que nem estão no controle dela, ou que foram decisões de vida ou morte, como amputar a perna da esposa e ser bissexual. Ela é aquele tipo de pessoa que pega um único erro e joga na cara do parceiro como se fosse a falha de toda a vida.
Eu sei que elas vão se divorciar, eu sei que elas vão brigar pela guarda da filha, e que a Callie vai perder (o que, sinceramente, não faz sentido, porque nenhum juiz daria a guarda da criança para a mãe que não é nem biológica nem legalmente reconhecida). Considerando o contexto, a Arizona é, legalmente falando, só a mulher que namora com a mãe da criança. Já que nem o casamento delas não é legal (pelo menos, não na época), como é que a Arizona teria mais direito? Isso não faz sentido nenhum.
Nem chegou, mas eu já estou sem paciência para essa trama.
Apesar de tudo, eu acho a Arizona uma médica muito fodona e uma boa amiga e mentora. Ela só é uma esposa ruim. Já tá ganhando do Hunt… MEU DEUS, eu não acredito que eu vou ter que aguentar mais dez temporadas de Owen Hunt. Alguém MATA ESSE HOMEM, CHEGA!
O que me anima é saber que eu não odeio o Hunt sozinho. Ele é odiado pelo fandom INTEIRO.
E eu vou assistir, porque Grey’s Anatomy é viciante. E já percebi qual é a estratégia que a série usa para te prender: Cruzamento de Tramas ou Interpolação de Trama. Eu criei esse termo agora, a patente tá em processo.
O que a série faz? Ela começa a Trama A no episódio 1 e só termina no episódio 5. Mas, no episódio 2, começa a Trama B, que só vai terminar no 15, e no episódio 3, começa a Trama C, que só vai acabar no episódio 24. E assim, você já assistiu 10 temporadas e ainda está tentando entender o que é uma anastomose.
E em 10 temporadas, uma coisa que Grey’s Anatomy faz muito bem são os monólogos. Essa série está CHEIA de monólogos incríveis. Vou deixar aqui os meus três favoritos, de três mulheres, porque eu odeio todos os homens dessa série, menos o meu falecido pai Mark Sloan (deus o tenha).
Você não vai me chamar de vadia – Meredith Grey
“Você não vai me chamar de vadia. Quando eu conheci você, eu achei que tinha encontrado a pessoa que ia passar o resto da minha vida comigo, Derik. Eu achei. Então todos os homens, os bares, os problemas óbvios com pai ausente; eu esqueci porque eu tinha você. Você me abandonou, você escolheu Addison. EU colei todos os meus caquinhos e eu não vou pedir perdão pela forma que eu escolhi consertar aquilo que você quebrou. Não tem o direito de me chamar de vadia”
É Insuportável – Cristina Yang
“Isso não é difícil, senhor. É simples. O Burke não está aqui. Ele foi embora. E está bem. O Burke ganhou o Harper Avery e tem sido elogiado no mundo inteiro. Não é difícil. Ele está longe e eu estou aqui. Onde tudo é igual. Ainda moro no apartamento dele, ando pelos mesmos corredores do hospital, uso o mesmo uniforme. Nem isso é difícil. É aqui que estou. É aqui que escolhi estar. Mas, senhor, quando a mão dele tremia, eu fiz as cirurgias dele, guardei os segredos dele, cuidei da honra dele. O senhor sabe, eu sei e ele sabe. Ele sabe. Só que em nenhum lugar do artigo do jornal meu nome aparece. Eu sou a mão invisível do brilhantismo dele… Mas apesar de tudo ser a mesma coisa, está tudo muito diferente. Hoje, eu tenho sorte se seguro uma pinça. Me tratam mal. Eu era a mão dele e agora sou um fantasma. Isso não é difícil, é só insuportável.”
Um herói numa tempestade- Arizona Robbins
“Fui criada para ser um herói numa tempestade. Criada para amar meu país, minha família e proteger tudo o que eu amo. Quando meu pai, o Coronel Daniel Robbins, da Marinha Americana, soube que eu era lésbica, ele só me fez uma pergunta, e me preparei para ouvir: ‘Dá pra sumir logo da minha casa?’ Mas, ao contrário, eu ouvi: ‘Você ainda é quem eu sempre quis que fosse?’ Meu pai acredita em País como o senhor acredita em Deus. Meu pai não é um homem que se curva, mas ele se curvou por mim, porque sou a filha dele. Eu sou esse grande herói na tempestade. Eu amo sua filha e protejo as coisas que amo, não que eu precise, ela também não precisa, ela é forte, carinhosa e digna, e ela é quem o senhor sempre quis que fosse.”
Eu não achei as cenas em português, nem legendadas, então fica a sua tarefa de entender o em inglês. Sinto muito por terceirizar mais um serviço. Adeus.
Esclarecimentos
Semana passada, eu publiquei um texto, mas só na Substack. Após três semanas off, eu falhei com o Modo Hype. Sabe, eu dei um pouco de gás na ideia, eu ia até publicar aqui, mas depois percebi que o tom estava totalmente fora do clima. Fiquei com a sensação de que ele estava mais para um mergulho profundo no abismo emocional do que para algo realmente vibrante, digno desta plataforma.
Não sei se vocês já sentiram isso, mas tem vezes que a gente escreve algo e parece que, ao invés de jogar luz, acaba só alimentando a escuridão. Então, decidi que não seria o melhor para esse site e mantive só na Substack.
Você pode lê-lo aqui: tudo está desmoronando. um relato.
Sugestão de Música!
meio que as mulheres dessa série…
criei essa newsletter pra alimentar um hobbie. Não me siga nas redes sociais que por acaso é @ogustoalve