a palavra twitter num fundo verde referenciando o BRAT

A plataforma da reclamação: uma ode ao Twitter

Gustô Alves remasteriza antigo texto comentando a maior das redes sociais

Antes de começar, eu tinha planejado escrever um texto super sério e profundo – o mais sério e profundo possível – sobre Ainda Estou Aqui. No entanto, devido aos últimos acontecimentos na minha vida, acabei não escrevendo nada, porque minha psique está em frangalhos (e, além disso, eu ainda não assisti ao filme).

Sendo assim, aproveite este texto publicado em 2023, nesta mesma coluna, que eu tirei do ar em uma clássica estratégia de autossabotagem. Agora ele está reeditado e remasterizado, mas, se você não leu o original, nunca saberá – ao menos em teoria – o que foi alterado.

Divirta-se! 


Eu estava rolando pelo meu TikTok – o que, convenhamos, é uma expressão moderna excelente para justificar qualquer coisa que você queira, já que, se está no TikTok, deve ser absolutamente verdade.

Tweet de Jair Bolsonaro escrito "Após ler em meu Face"
Enem Nota 100 | Imagem: X

Seguindo, vi no meu TikTok um menino sugerindo algo genial: deletar o Twitter/X e, no lugar onde ficava o app no celular, colocar o bloco de notas. Faz todo sentido, porque não existe plataforma mais tóxica e insalubre do que o Twitter/X. NINGUÉM é feliz lá. É um ciclo vicioso de reclamações e mau olhado que, sinceramente… puta que pariu.

Principalmente agora que o animal silvestre Elon Musk comprou a plataforma e a transformou em um antro neonazista. Desde que voltou ao Brasil, não notei muita diferença no comportamento dos usuários; continua podre. Mas, por favor, não contem para o Xandão que eu disse isso, ou ele bloqueia de novo.

O engraçado é que todo mundo mergulhado nessa fossa digital que é a ex-rede do passarinho sabe que a plataforma é um lixo – inclusive eu, que estou lá todo dia tweetando – mas ninguém quer sair. É como ser usuário de droga: você (o drogado, no caso) SABE que a pedra de crack (o Twitter/X) vai ACABAR com a sua vida, mas a marola é boa demais para largar.

E a marola do Twitter/X é uma delícia, porque o que pode ser melhor do que falar MAL dos outros? Você escreve o que quiser em seus 280 caracteres e sempre aparece alguém para te dar um like, um reply, e tudo mais. Isso satisfaz, alimenta a alma – ver as pessoas compactuando com a sua raiva é uma maravilha! Gosto de chamar isso de empatia agressiva.

É uma habilidade do Twitter/X: despertar o pior do ser humano na internet. Se você quer conhecer alguém de verdade, basta entrar no Twitter/X dessa pessoa. Todos… ABSOLUTAMENTE TODOS os pensamentos dela estarão lá – com raras exceções.

Como o Twitter/X tem essa essência de fazer o usuário idiota se expor – eu incluso –, há quem o veja como a janela para a vida dos outros. No meu caso, na minha programação normal, eu usava o Twitter/X para reclamar. Então, as pessoas poderiam muito bem me enxergar como alguém com a cabeça completamente DESESTRUTURADA! E, honestamente, elas estariam certas. Tudo o que eu faço é reclamar.

Dia desses, minha mãe me mandou um vídeo com o Coringa do Joaquin Phoenix dizendo algo do tipo: “O que você faria se tudo de que você reclamasse sumisse?”. Eu, particularmente, ia adorar. No momento em que percebesse esse superpoder, eu reclamaria de mim mesmo e sumiria. Todo mundo sairia ganhando.

Reclamar é meu modus operandi, e as pessoas se divertem com isso! É o sofrimento como puro entretenimento! Mas não o meu, é claro. O meu, jamais, porque eu estou sofrendo de verdade.

Note como eu disse ‘usava’. Deixei de usar? Jamais! Amo aquele lixão da Dona Lucinda. Uma delícia de ambiente. Mas, naquela época, em vez de reclamar, eu era EXTREMAMENTE BOIOLA lá! Só falava de macho. (Isso em 2023. Hoje, eu reclamo, sou deprimido e, ainda, falo de macho.)

Print sem qualidade de Ygona moura com um texto branco encima escrito "quero um machorr"
Falar de macho é minha sina | Imagem: TikTok

Estar apaixonado é muito difícil, mas isso é assunto para outro texto, aqui estamos falando de imagem e reputação.

Eu só falo de homem, mas não de qualquer homem – de um em específico, que provavelmente vai ler isso. Meu Twitter/X é praticamente só sobre ele. Por isso, as pessoas já não me veem mais como o reclamão de antes – meu padrão clássico – e sim como um completo boiola.

tweets do autor falando de macho
legenda 2023: eu sinceramente não lembro de quem eu estava falando.

legenda 2023: eu sinceramente não lembro de quem eu estava falando.

O que eu já era no Instagram, eu apenas massifiquei: minha reputação de puta emocionada. Veio aí: Gay! Agora com subtexto!

Nota do Autor: O interessante de reescrever esse texto é que eu não faço mais a mínima ideia de quem eu estava falando nesses tuítes. Esse é o lado bom de não se referir a ninguém pelo nome ou por uma característica específica: você vai criando um personagem que não existe, de uma pessoa que tem 7 defeitos e 7 qualidades ao mesmo tempo, sendo que, na verdade, são apenas 14 homens diferentes.

É legal porque as pessoas que me acompanham – modéstia à parte – não conseguem perceber a diferença entre uma paixão e outra. No fim das contas, ou terminei com alguém muito babaca, ou namorei alguém muito incrível.

Sobre reputação, minha amiga mudou a maneira de usar o Twitter/X e a forma como expõe sua personalidade, me forçando a me contradizer também em relação à rede. O Twitter/X dela não é mais um espelho da sua vida, agora é só futilidades, porque, de acordo com ela:

Quanto menos as pessoas souberem sobre o meu psicológico, mais tempo eu tenho de enganar elas.

E isso é real! É até um processo evolutivo. No modelo de sociedade digital em que vivemos hoje, sobrevive quem se esconde melhor, quem finge não ter uma unidade de defeitos. O Twitter/X, como ferramenta de máscara social, está sendo cada vez mais adotado pelos seus usuários. Mal posso esperar para que seja minha vez.

E eu nem cheguei a falar sobre o porquê seria super genial trocar a posição do Twitter/X pelo bloco de notas. Desculpe, eu não tenho foco.

O bloco de notas no lugar do Twitter/X, além de não ter limite de caracteres (que o Elon Musk aumentou para quatro mil na plataforma, o que eu acho um exagero), ele apresenta uma coisa maravilhosa que você não encontra em nenhum outro lugar da internet: conteúdo exclusivo! Corre que tá em promoção.

P-R-I-V-A-C-I-D-A-D-E

“Ah, mas é só privar a conta” – não, não é. Não é a mesma coisa, porque além de você privar seu conteúdo extremamente pessoal e não expor a sua vida, você também não se expõe à vida e ao conteúdo dos outros! CHEGA! Chega de ver a opinião de adolescente amargurado. Chega de ver o gay padrão comentando cinema como se fosse a Isabela Boscov. Chega de abrir seu Twitter/X às 5 da manhã no ônibus e se deparar com um cuzão aberto na sua timeline! Chega, acabou, você está livre.

Esse lance de postar as partes no Twitter/X – as partes, meu deus, tenho 60 anos – é muito interessante porque lá é uma plataforma sem lei, né? O tanto de conteúdo pornográfico que tem naquela plataforma renderia um texto na coluna. Eu mesmo faria uma análise dos maiores criadores de conteúdo adulto na plataforma! Deixar anotado no meu caderninho de ideias.

E o cu postado no Twitter/X nem sempre é literal, nem sempre é uma coisa erógena, freudiana. Ele pode ser metafórico! Porque, depois de reclamação e cu, o que mais tem no Twitter/X é merda!

Nenhuma rede social fala tanta merda quanto a rede do passarinho! E olha que ela está competindo com o Facebook! São tantos crimes cometidos pela humanidade contra a própria humanidade, de comunidades fechadas contra elas mesmas, que uma análise de caso cairia muito bem. Eu poderia fazer um TCC sobre isso. Pensando aqui.

Nota do Autor: eu JAMAIS faria um TCC novamente. Eu não sabia do que estava falando. 

E além de meio-freudiano, meio-metafísico do cu, ele também pode vir na sua forma mais pura, a escatológica. Se você não sabe o que é isso, pesquise, porque eu também não sabia.

Gustô, você está alegando que tem gente comendo cocô no Twitter/X? Eu não aleguei nada. Eu não sei nem alegar, longe de mim dizer o que você encontra lá. Mas se eu fosse alegar algo, eu alegaria que, se você procurar, você acha. E isso é pra tudo. TEM TUDO NO Twitter/X.

Tem uma página lá – que é a minha favorita, por sinal (em 2023) – chamada Pneus Atacando Pessoas. É só uma coletânea de vídeos de acidentes com pneus e pessoas. Se você esquecer o subtexto de pessoas sofrendo com o ataque de pneus superpesados em alta velocidade, é hilário.

E temos uma subcomunidade do Twitter/X chamada theft-Twitter/X (theft = roubo, para os não letrados em inglês. De nada) que é um nicho da rede que consiste em pessoas com fotos de animes bonitinhas e nomes tipo meiterume♡♡s2 que postam, junto com suas fotos ecchi de desenho japonês 2D, A QUANTIDADE DE ITENS QUE ELES ROUBARAM E DE QUE LOJAS ROUBARAM. Veja se isso não é uma cuspida na cara das autoridades.

“Isso mesmo, roubei 25 pacotes de Fini. E aí? Vai fazer o quê? Rastrear meu IP?”

Tenho quase certeza que é essa comunidade que é responsável pelo rombo de 20 bilhões da Americanas. (Essa piada foi mais engraçada em 2023).

Pelo que eu entendi, essas pessoas se identificam com um emoji de mirtilo. Por quê? Eu não sei. Eu acho cleptomaníacos fascinantes, tanta doença mental para chamar de sua e eles escolhem a única cujo pré-requisito é ser branco.

Aparentemente, a justificativa disso tudo é que elas estão “desafiando o sistema”. E estão erradas? Não emitirei opiniões.

O meu ponto é: Só no Twitter/X mesmo pra você expor seus crimes e nada acontecer. Eu? Eu me divirto.

Eu tinha mais coisa pra falar, mas vou deixar pra uma próxima.


E não deixei! Beijos!

Geralmente eu comento atualidades e não uso textos antigos! Confira o que tive a dizer sobre os memes da direita!


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